quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Os olhos.


São esses olhos, que tudo vêem, mas nada enxergam. Mirando-se em um espelho que transparece apenas um desfalque do reflexo da alma. Uma mancha, no lugar daquilo que deveria ser o mais importante: o interior. Mas esses olhos que se dizem tão espertos, são tão ingênuos diante da grandeza do exterior. Só enxergam o que bem os convêm: aqueles que brilham por fora, que reluzem de maneira tão intensa, que os atrai. Entretanto, por dentro é infinitamente obscuro, negro, vazio e sem nenhuma formosura. Talvez por essa razão, os bons olhos não consigam vê-los como realmente são. Aquela ruína que há dentro do ser. Não me refiro a qualquer ser, mas aqueles seres pútridos. Pois, suas máscaras os acobertam de tal forma, que eles se escondem sob falsas aparências, mostrando assim, apenas aquilo que é belo, embora passageiro... Portanto, mesmo com toda a beleza do mundo, quando é chegada a hora de ir para o túmulo, todos possuem o mesmo aspecto: de um morto. Eles deixarão nada em vida, pois nada foi plantado. O encantamento se foi, pois nada dura para sempre: somente o amor... O que se guarda nos olhos, não se guarda no coração.