segunda-feira, 19 de abril de 2010

Na janela .



O tempo passa. Os dias se repetem, parecendo os domingos. As cenas pausadas, como num filme. Nada muda. Apenas minha respiração e a chuva quando cai. O resto está guardado naquele quadro velho como lembrança.


Enquanto meus sonhos saltam pela janela do precipício, abro mais um de meus sorrisos falsos e ignoro. Todos os outros não notam minha presença, pois, ela se disfarça em minhas palavras. A vida continua para todos, menos para mim. Continuo imóvel. Só o vento bate em meus cabelos.


Sempre fui só. Nasci sozinha, morrerei sozinha. Os outros sempre se vão ou eu os deixo ir. Todos estão presos nas suas vidas agitadas, menos eu. Estou parada na janela. Para mim sempre foi essa monotonia. Só minhas memórias me compreendem.


Não tenho recordações felizes, apenas alegria passageira. Aquela que está presente em um sorriso e que logo foge à nossa face. O incógnito que me persegue. Só meu corpo está em casa, minha alma mora longe.


Apenas os mocinhos são felizes. Os mocinhos são perfeitos. Agora eu sei porque não conheço a felicidade, não sou uma mocinha. Na verdade, a maior parte do tempo eu sou invisível. É só uma questão de tempo até alguém notar que não há ninguém em casa. Enquanto isso, apenas espero o desconhecido.

terça-feira, 9 de março de 2010

Socapa .



Olhando fixamente no espelho que nada vê,
Deparei-me com uma imagem dissimulada.
É apenas meu reflexo mascarado.
Meus olhos são como a cegueira;
Enxergam apenas uma claridade desfalcada,
A escuridão que cobre toda a pureza.
Meu coração choroso deixou que as luzes se apagassem,
E minh'alma se perdeu naquele labirinto.
A realidade está escondida debaixo desse véu incolor,
Jogá-lo-ei na imensidão do mar verde.
Deixarei que as ondas me guiem pela terra prometida.
Voarei além do céu azul e serei eternamente glorioso.
Minhas mentiras, assim como as rosas sem espinhos;
Brotarão, mas não poderão existir.

terça-feira, 2 de março de 2010

O homem marcado.


Viajas ao sabor do vento, no intuito de levar aos corações alheios o encanto de tua carne. Ser pútrido em sua forma oval, mas em suas insígnias ninguém o vê como realmente é. Olhos não tão sutis passam a me comover. Lembre-se: não é apenas um jogo. Estou te esperando em meus sonhos, assim como em todas as noites sombrias. Menino leviano, sua pele morena me atrai como ímã. Não questione o que não deve ser compreendido!

Seu sorriso peculiar acabara de me prometer o paraíso. Já não me vejo em teu rosto com as mesmas expressões anteriores. Dance comigo apenas essa música. E poderás seguir adiante.

Ao tocar tuas marcas, relembrei-me de quem fui. Sangue de um deus derrame sobre mim tua paixão. Puro veneno pronto para me enlaçar. Aguardo a resposta do telegrama que deixei sob tuas marcas. Encontro-te no bosque do amor, ao som do relampejar. Não faça com que meu coração se parta a te esperar.


Ass: Tua outra face.