segunda-feira, 19 de abril de 2010

Na janela .



O tempo passa. Os dias se repetem, parecendo os domingos. As cenas pausadas, como num filme. Nada muda. Apenas minha respiração e a chuva quando cai. O resto está guardado naquele quadro velho como lembrança.


Enquanto meus sonhos saltam pela janela do precipício, abro mais um de meus sorrisos falsos e ignoro. Todos os outros não notam minha presença, pois, ela se disfarça em minhas palavras. A vida continua para todos, menos para mim. Continuo imóvel. Só o vento bate em meus cabelos.


Sempre fui só. Nasci sozinha, morrerei sozinha. Os outros sempre se vão ou eu os deixo ir. Todos estão presos nas suas vidas agitadas, menos eu. Estou parada na janela. Para mim sempre foi essa monotonia. Só minhas memórias me compreendem.


Não tenho recordações felizes, apenas alegria passageira. Aquela que está presente em um sorriso e que logo foge à nossa face. O incógnito que me persegue. Só meu corpo está em casa, minha alma mora longe.


Apenas os mocinhos são felizes. Os mocinhos são perfeitos. Agora eu sei porque não conheço a felicidade, não sou uma mocinha. Na verdade, a maior parte do tempo eu sou invisível. É só uma questão de tempo até alguém notar que não há ninguém em casa. Enquanto isso, apenas espero o desconhecido.